Regresso ás Aulas

Regresso às aulas, construindo a sociedade do futuro!

Ao iniciar-se, hoje, o novo Ano Lectivo julgo ser interessante recordar que o número de pessoas envolvidas no Sistema de Educação português, somente no ensino básico e secundário, atinge mais de um milhão e novecentas mil pessoas das quais um milhão setecentos e cinquenta mil são alunos e cento e cinquenta mil professores.

Tendo em linha de conta o poder que a Educação possui, os números atrás citados só por si representam bem essa realidade, no desenvolvimento económico sustentável e no progresso da nossa Sociedade entendo ser oportuno tecer, algumas, considerações que possam ajudar a reflectir sobre as necessidades que o Sistema Educativo deve satisfazer com vista a dotar os nossos jovens com as aptidões adequadas a poderem transformar-se em líderes, que no futuro, assumam a resolução de problemas cada vez mais complexos, interligados e de rápida mudança.

Consciente de que as estatísticas oficiais apontam para um número cada vez maior de jovens, que nem estudam nem trabalham, torna-se imprescindível ter coragem para assumir que algo não está bem no Sistema Educacional Europeu e consequentemente encontrar soluções que permitam preparar as gerações actuais e futuras de empreendedores, trabalhadores, professores, gestores e indivíduos, com as aptidões necessárias para terem sucesso e, naturalmente, poderem ajudar os menos habilitados.

Naturalmente que a minha experiência bem como o estudo das melhores práticas internacionais permitem-me afirmar, desde já, que uma das medidas que teremos de assumir, de uma vez por todas, passa por interiorizar – ao nível dos membros do governo, sociedade civil e meio empresarial – o enorme potencial que o investimento na educação em empreendedorismo possibilita, com a capacitação dos nossos jovens talentos, enquanto integrantes da próxima onda de líderes e inovadores que não só criarão empregos e valor para a sociedade, mas também apoiarão a emancipação dos restantes na criação de um futuro melhor.

De facto a convergência da globalização, das inovações tecnológicas, das economias baseadas em conhecimento e das tendências demográficas tem vindo a contribuir para a ascensão do empreendedorismo como a força motriz do desenvolvimento económico, da mudança estrutural e da criação de emprego.

Reconhecendo este processo de transição desde cedo entendi – nomeadamente através da Gesentrepreneur e no contexto da sua missão de apoiar a criação de programas de educação sustentáveis, escaláveis e relevantes- ser essencial potenciar o envolvimento da Classe dos Professores na dinamização da Educação Empreendedora como uma das principais forças do desenvolvimento social sustentado e da recuperação económica.

Esta constatação assume particular relevância quando as evidências demonstram que, nas últimas duas décadas, diversos países de todo o mundo reconheceram a falha dos seus sistemas de educação, na educação dos seus jovens, nomeadamente em educá-los para criarem e não simplesmente educá-los para responderem a oportunidades económicas.

Incluir o empreendedorismo e a inovação, abordagens transdisciplinares e métodos de ensino interactivos – vidé por exemplo o curso de elearning que a GesEntrepreneur realizou versando a temática do empreendedorismo – requer novos modelos, enquadramentos e paradigmas.

É recomendável, por isso, que se repense a forma como o Sistema de Educação tem vindo a interligar-se com as necessidades de uma Sociedade em constante mutação aproveitando, ao mesmo tempo, para se fazer um “reiniciar” do projecto educativo uma vez que a melhoria incremental que tem vindo a ser adoptada se encontra desenquadrada dos níveis de exigência a que a nossa Nação se encontra sujeita e os quais só iremos ultrapassar se conseguirmos ter Escolas, Institutos e Universidades que sejam empreendedoras na forma como preparam os seus alunos para o futuro.

As experiências que se vão conhecendo, um pouco por todo o mundo, fazem-nos acreditar que as ferramentas e o conhecimento se encontram disponíveis tornando-se necessário assegurar que os nossos jovens conseguem interiorizar essa paixão de querer tomar o controlo das suas vidas porque, na verdadeira acepção do termo, é disso que se trata quando falamos de Educação Empreendedora.

Para o efeito e a exemplo de outras etapas, do processo histórico que marcou a evolução da Sociedade Ocidental, também no momento presente a educação de empreendedorismo, para ser bem-sucedida, exige Professores empreendedores ou seja Professores que consigam chamar a atenção dos seus alunos para o desenvolvimento de actividades de experimentação assegurando que a pedagogia é baseada na acção e em projectos educativos centrados na resolução de problemas, com aplicação prática, e em conceitos de propriedade e responsabilidade individual

O número, incrivelmente elevado, de estudantes que desiste da escola, com todos os inerentes problemas sociais e económicos, tornam este foco na Educação Empreendedora essencial, uma vez que as metodologias a adoptar usando formas interactivas e empíricas de ensinar e aprender ao mesmo que estabelecem uma ligação do contexto sala de aula, do espaço escola e respectiva comunidade empresarial, que a rodeia, contribuirá para libertar o espirito nato, dos jovens estudantes, podendo ser um factor indutor da manutenção dos mesmos na escola.

Porém a resolução do problema do desinteresse escolar e a necessidade dos indivíduos aprenderem a ser responsáveis pelo seu futuro só será uma realidade quando o nosso Sistema Escolar assentar numa estrutura que permita:

  • Exigir a educação de empreendedorismo (“literacia de propriedade”) nas escolas públicas, ou, pelo menos, tornar a educação de empreendedorismo disponível como opção para todos os estudantes
  • Financiar, com os meios adequados, esta evolução na educação para o empreendedorismo
  • Acentuar a aposta na formação de professores facultando aos mesmos soluções educativas e de formação em empreendedorismo, baseadas num modelo de ensino próprio e na metodologia “learning by doing”;

Tenho consciência que fazer a mudança na disponibilidade universal da educação de empreendedorismo para os jovens se trata de uma tarefa monumental.

Mudar os sistemas escolares existentes levará tempo, especialmente uma vez que os professores terão de ser capacitados para aceitarem métodos de trabalho que admitam uma mistura de aprendizagem empírica, criação de aptidões e naturalmente de mudança de mentalidades.
Tratar do tema da educação de empreendedorismo exige trabalhar com os sistemas de educação existentes para incorporar as mudanças necessárias assim como lançar novas iniciativas fora das estruturas actuais.

Acredito no entanto que quanto mais cedo e maior exposição houver ao empreendedorismo e à inovação, maior é a probabilidade dos estudantes se tornarem empreendedores, de uma forma ou de outra, em alguma altura das suas vidas.

Nesse sentido não poderia terminar sem apelar às diversas Instituições Educativas, em todos os níveis (primário, secundário e superior), para que utilizem todos os recursos ao seu dispor, na adopção de métodos e instrumentos, que lhes permitam desenvolver um ambiente de aprendizagem apropriado ao encorajamento da criatividade, da inovação e da capacidade de “pensar fora do convencional” pois só assim os nossos jovens estarão preparados para enfrentar os desafios da Era Criativa que está e irá continuar a caracterizar o Seculo XXI.

Francisco Banha

CEO GesEntrepreneur- Empreendedorismo Sustentável, Lda

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